sexta-feira, 18 de abril de 2014




Governo foge de negociação coletiva e considera situação dos trabalhadores satisfatória







Durante audiência pública na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP) da Câmara dos Deputados, na última terça-feira (15), o governo federal, representado pelo secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), Sérgio Mendonça, reafirmou que considera a situação dos trabalhadores do serviço público federal satisfatória. Data-base e negociação coletiva estão entre as principais reivindicações apresentadas pelas entidades.
O SINASEFE, mesmo sem conseguir ser incluído na lista de entidades convidadas oficialmente, acompanhou o debate e foi mencionado na audiência pela CSP-Conlutas. Representando a Central Sindical e Popular, Gibran Jordão destacou a mobilização da Fasubra e do SINASEFE, chamando atenção para a falta de data-base e políticas salariais para os servidores, que demonstram o atraso e o conservadorismo na relação do estado com os trabalhadores.





CSP-Conlutas foi uma das entidades classistas presentes à audiência pública que debateu a Campanha Salarial dos SPF

A falta de avanço dos grupos de trabalho relativos à carreira dos TAE também foi destacada pelo representante, que questionou o secretário a respeito da postura do governo: "negociaremos saídas ou enfrentaremos a mesma intransigência da qual a sociedade já está cansada?"
Clique aqui e confira todos os vídeos da audiência, separados por orador, disponíveis no site da Câmara dos Deputados.

A culpa é dos prefeitos e governadores?

Sempre se esquivando de suas responsabilidades, o governo "justificou" a ausência de negociação coletiva no serviço público com o fraco argumento de que os prefeitos e governadores são contrários a essa prática. Entendemos que o movimento deve ser exatamente ao contrário: o governo federal deve dar o exemplo e estabelecer a negociação enquanto premissa básica das relações, e não a intransigência que temos enfrentado no último período, forçando as esferas estaduais e municipais a negociarem também com seus respectivos trabalhadores.

Para onde vai, realmente, o dinheiro dos brasileiros?

Ao abordar a distribuição do Orçamento Federal, Sérgio Mendonça ignorou a principal despesa do governo: o sistema da dívida pública, e afirmou que a remuneração dos servidores é a segunda maior despesa do país. Como podemos comprovar no gráfico abaixo, o secretário se equivoca, pois o maior montante de recursos vai para o bolso dos grandes capitalistas.
Para explicar melhor a realidade dos gastos públicos, citamos um trecho do artigo da Auditoria Cidadã da Dívida que avaliou o orçamento da União para 2014: "Esse privilégio [pagamento da dívida] mostra que o endividamento é o maior problema do gasto público brasileiro, e afeta todas as áreas sociais, tendo em vista que o valor de R$ 1,002 trilhão consumido pela dívida corresponde a dez vezes o valor previsto para a saúde, a 12 vezes o valor previsto para a educação, e quatro vezes mais que o valor previsto para todos os servidores federais (ativos e aposentados) ou 192 vezes mais do que o valor reservado para a Reforma Agrária."
Confira aqui a versão integral do texto.

O copo está realmente cheio. O copo de quem?

Finalizando sua argumentação, Mendonça afirmou ainda que os servidores públicos costumam enxergar o copo sempre vazio e para ele o copo está cheio. Concordamos com o secretário, e entendemos que o governo está mesmo enchendo o copo, mas não o copo dos trabalhadores, e sim o copo dos grandes banqueiros e empresários (vide os lucros estratosféricos registrados pelos bancos recentemente). Nessa divisão desigual não sobram verbas para os serviços públicos, é por isso que nosso copo permanece vazio: não é só uma questão de ponto de vista, e sim uma dura realidade que lutamos para modificar.


Leia mais em:

http://www.sinasefe.org.br/v3/index.php/noticias/985-governo-foge-de-negociacao-coletiva-e-considera-situacao-dos-trabalhadores-satisfatoria


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