domingo, 25 de maio de 2014

TAs da UFSCAR em Greve

Um minuto de reflexão...


http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/548648/copa-do-mundo-e-politica

Copa do Mundo e Política

"Os fantasmas e ameaças de vandalismo não podem atropelar a oportunidade cidadã de jogarmos pela vida"

Dom Eduardo Benes Sales Rodrigues 

Valho-me dessa coluna para levar ao leitor a oportuna reflexão do Arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, sobre a Copa do Mundo com suas implicações políticas. Não é conveniente misturar essa duas dimensões da vida social: o esporte e a atividade política. É necessário manter a distinção sem descurar a relação entre uma e outra. É do que trata o artigo do Arcebispo de Belo Horizonte.

"A Copa do Mundo deste ano pode se tornar um dos mais significativos momentos da história sociopolítica do Brasil. O discurso que se ouviu nas ruas, em junho do ano passado, foi um sinal, obviamente com a recusa radical dos lamentáveis episódios de vandalismo, violência e atentados contra o patrimônio público. Historicamente, a sociedade brasileira sempre viveu o tempo da Copa do Mundo simplesmente como momento de euforia e divertimento. Essa paixão esportiva nacional, com sua força educativa e o gosto gostoso que o futebol dá à vida dos torcedores, indica que é preciso conciliar euforia e divertimento com o viés político e social. 

Os fantasmas e ameaças de vandalismo não podem atropelar a oportunidade cidadã de jogarmos pela vida. O coração apaixonado do torcedor, seu sentimento de pertença à pátria, tem agora a oportunidade de agregar entendimentos, discussões, análises e posturas que nos levem não só a vencer no esporte, mas, sobretudo, contribuam para o crescimento da consciência cidadã. O cenário político, com a singularidade deste ano eleitoral, precisa ser iluminado pela atenção especial que uma Copa do Mundo mobiliza. Não permitir qualquer tipo de violência é de suma importância para que manifestações, debates, discussões e outras condutas cidadãs promovam mudanças nos abomináveis cenários de corrupção, exclusão social e desrespeitos à dignidade da pessoa. 

Pessimismo, vandalismo e até mesmo torcida para que a Copa não dê certo enfraquecerão essa oportunidade de crescimento qualificado da consciência política dos cidadãos brasileiros. É importante tratar adequadamente esse evento para que as eleições não representem apenas um voto dado, mas uma postura com força de transformações em vista de novos cenários. É hora de qualificar a participação política, que não pode se restringir aos atos formais de votar ou de se reunir em associações comunitárias, sindicatos e partidos políticos, mas também inclui a participação e presença nos espaços definidos pela democracia representativa. Esta é a oportunidade para o fortalecimento da competência na defesa dos valores éticos, da inviolabilidade da vida humana, da promoção e resgate da unidade e estabilidade da família, do direito dos pais a educar seus filhos, da justiça e da paz, da democracia e do bem comum. 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se posiciona neste momento político por meio de importante manifesto intitulado "Pensando o Brasil: desafios diante das eleições de 2014". Nessa mensagem, aprovada durante sua 52ª Assembleia Geral, afirma que é indispensável combater a corrupção sistêmica e endêmica, invisível e refinada, presente em práticas políticas e no mundo daqueles que exercem o poder econômico, causando desigualdades, aumentando custos e sobrecarregando os destinos da nação. A cada dia se torna mais urgente a reforma política, lamentavelmente não desejada pelos que podem levá-la adiante. Este ano eleitoral, portanto, é oportunidade de checar quem tem condições e vontade política de promover essa indispensável reforma, viabilizando uma série de outras mudanças em vista da edificação de uma sociedade mais justa. 

Na mensagem, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil sublinha que "pesquisas têm indicado uma baixa confiança da população nos poderes instituídos da República. Duvida-se da honestidade de todos os políticos. Desconfia-se da existência dos programas partidários. Mesmo havendo tais programas, não se acredita que os políticos sejam fiéis a eles. Com frequência, esse clima tem levado o cidadão à sensação de que votar não adianta nada e de que a participação política é inútil. Tal atitude, porém, gera um círculo vicioso: o cidadão não participa porque as estruturas do país não correspondem aos interesses do povo; no entanto, tais estruturas não vão mudar sem sua participação. É necessário evitar, a todo custo, o desalento e encontrar oportunidades de agir em favor de mudanças consideradas necessárias". Assim, é importante usufruir bem dessa oportunidade da Copa do Mundo para que sejam promovidas transformações, alcançadas respostas adequadas e se possa engrossar as fileiras dos que, em todos os campos, efetivamente jogam pela vida." 

Dom Eduardo Benes Sales Rodrigues é arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Sorocaba (domeduardo@arquidiocesesorocaba.org.br)

Um comentário:

  1. Apesar de não ser católica, compartilho da ideia de usufruir bem da copa do mundo!

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